quarta-feira, 6 de março de 2013

Capitulo 5 - (Fan Fic) Quebrando Barreiras!Construindo Laços!

CAPÍTULO 5 Convivendo com decisões passadas.


POV EDWARD


Estava eu parado na imensa sala da família Cullen, ou melhor, a minha família. Lugar onde habita meu pai Carlisle Cullen e sua esposa a minha madrasta Esme, e claro minha irmã Rosalie juntamente com seu marido Emmett.

Quanto tempo eu não aparecia por aqui. Corri meu olhar pelo lugar me dando conta o quanto existia de tonalidades neutras e sóbrias, mais aproximadamente os tons de bege e marrom aparentemente os grandes aliados da decoração. Interessante como essas cores quando sozinhas aparentam monotonia. Mas pra uma boa decoradora e detalhista feito Esme, a atmosfera parecia no mínimo requintada. Nas paredes laterais rumo à varanda foram acrescentadas algumas pitadas de tons marcantes, como amarelo e laranja formando um degrade. Tons com brilho metálico, próximos do dourado, estavam presentes nos pequenos detalhes como o hall de entrada da casa. Se o intuito de Esme nessas combinações fosse ajudar a espantar a frieza e esquentar a alma, eu admito; “ela conseguiu”.

Mas bastou meu olhar se voltar para o grande aparador com a madeira cintilando de tanto brilho após ser lustrado; carregado com três fotografias, senti todo o fervor e bom gosto do local se esvair.

Ao longo dos anos aprendi que “nem sempre se julga um livro pela capa”, muito sábio este ditado. Eu entrei em transe ao cair meu olhar na foto do meio. A imagem do meu casamento com Luna.

Quando aceitei me casar com Luna eu acreditava que seria fácil encarnar o papel de marido apaixonado e atuar a farsa do casal feliz, mas em momento algum questionei os reais pretextos que incentivavam a jovem a se casar comigo sem qualquer laço sentimental além do seu interesse de expandir os negócios através da minha construtora.

Luna foi um árduo aprendizado, decepcionante, enervante, mas, no entanto lucrativo.

Os primeiros meses como casados revelavam o que seria pela frente, uma mulher de vinte e nove anos desesperada pela maternidade, o que era de se esperar. Luna sempre se emocionava com assuntos sobre crianças e seus olhos brilhavam quando avistava alguma mulher exibindo sua forma corporal arredondada. O assunto era delicado aos meus ouvidos, FILHO, ela queria ter uma família. E era aí que entrava minha participação, boa aparência, saudável e um empresário bem conceituado. Sendo ela filha de um casal tradicionalista que não concebia a ideia da filha passar por uma inseminação artificial ou qualquer outro método que chegasse ao mesmo propósito, ter um filho e ainda estivesse solteira. Então se casar comigo parecia o passaporte para o seu sonho.

E para mim, o passaporte para os meus piores pesadelos.

Confesso qual surpreso fiquei com esta revelação, jamais imaginei que seu maior interesse neste casamento, seria ter um filho COMIGO.

Eu teria um grande acréscimo na minha conta bancaria, e em troca Luna queria uma família, não me parecia agradável, no entanto era tentador. Um contrato com uma união de quatro anos, intolerável infidelidade de ambos os lados foi assinado. Caso contrário e provado que um de nós foi infiel, a parte afetada receberia uma quantia maior na separação.


Pensar no assunto “filho” automaticamente as lembranças viam a minha mente, embriagando ainda mais meu coração destroçado. Isabella.

Vários pensamentos me dominavam.

Onde ela está?

Será que seguiu a diante com a gravidez?

Refez sua vida ao lado de um homem que lhe soube dar o devido valor?

Aquela voz amarga e cheia de ressentimentos sempre me atormentava.

"Não deveria se preocupar com ela, sendo que ela atendeu seu pedido e desfez qualquer laço que mantivesse você ligado a ela. Disposta a cumprir sua promessa; Isabella saiu do seu caminho. Mudou-se para outro país foi atrás dos seus sonhos e refazer a sua vida, faça você o mesmo e pare de atormentar".

Esta frase vivia ecoando na minha mente, “ela atendeu seu pedido e desfez qualquer laço que mantivesse você ligado a ela”. Por que parecia certo eu ter feito aquele pedido estupido pra ela matar meu filho, e tão errado ela ter acatado minha vontade? Se o nosso bebê tivesse nascido, hoje estaria com quase quatro aninhos .

Eu sempre soube do meu egoísmo e o foco apenas em mim mesmo, mas recordar esse acontecimento me destruía aos poucos. Às vezes eu sentia uma chama acesa como se sentisse outra vida irradiando por aí e imediatamente recordava da criança, nessas horas eu me questionava. Será mesmo que ela teve coragem?

Dia após dia eu fazia estes questionamentos. Todas as noites eu tinha pesadelos com a pequena criança me chamando de monstro e me acusando de assassino.

Meu casamento falso cada dia mais beirava o fiasco. O único aperitivo que ainda aliviava minha situação era o sexo. O que não demorou muito e passou a ter um sabor amargo, descobri que o sexo sem sentimentos, era vazio e nunca atingia o alivio esperado. A entrega de nossos corpos acabava se resumindo apenas numa gozada, com apenas aquele intuito. Engravidar minha parceira.

Isso me parecia tão injusto, numa atitude impensada rejeitei um filho que foi concebido através do amor (digo da minha parte), mesmo que naquela época eu acreditasse ser apenas desejo carnal e obedecendo a termos de um casamento fake eu deveria ter um filho de negócios com fins lucrativos sem sentimento de amor ou até mesmo companheirismo, apenas atuando minha parte no acordo. Naquela época não sei se Isabella correspondia meu amor, e SE correspondia eu consegui destruir este sentimento com minha rejeição.

Foi com muito pesar que descobri o quanto amava Isabella, precisei fazer uma grande burrada pra perdê-la e presenciar no meu viver o quanto sua presença me fazia bem. O sorriso da Luna nunca me pareceu tão largo quando o dela, a expressão corporal e o jeito de se entregar por inteiro da minha Bella, só provava que eu tinha cometido um erro e feito à escolha errada. Mulher nenhuma, substituiria seus encantos.

Contrariando minha perspectiva de vida a minha rotina se resumia em cobranças. Eu um grande empresário, admirado por manter negócios a punhos de ferro, que nunca se limitava a pressão e cobranças dos clientes, agora vivia um martírio ao chegar à minha residência. Ao invés de chegar a casa e encontrar uma esposa companheira e amiga, disposta á ouvir meu dia, eu encontrava uma fêmea no seu período fértil esperando seu macho pra copular.

Não estou reclamando do sexo, mas todo clima sensual se esvaia quando os termômetros, incensos e simpatias entravam em cena pra ajudar na concepção. Estávamos num estagio que Luna estava desesperada por tentar, tentar e não conseguir.

Exames foram feitos e comprovou o quanto Luna e eu éramos saudáveis e capacitados a conceber uma criança. Parecia até um capricho da natureza, como se o destino estivesse me castigando. Nossas relações sexuais eram constantes, mais e mais simpatias estavam incluídas na nossa usualidade, mas nada dela engravidar.

Numa noite de sexta-feira eu resolvi afogar as magoas e deixar a bebida lavar minha alma. Na madrugada cheguei a casa e cansado de viver o mesmo martírio, sofrer sempre o mesmo calvário e encontrar sempre as mesmas falas da minha esposa. Movido pelo álcool despejei toda minha ira em Luna, contei sobre Isabella e desabafei o quanto me sentia culpado por pedi-la pra abortar. Confessei que no dia seguinte procurei por ela disposto a tentar a experiência se assim ela quisesse, mas tudo que encontrei foi seu apartamento vazio, seu celular fora desativado e a única coisa relacionada a ela que encontrei, já que não sabia muito nada a seu respeito, foi um amigo da faculdade.

Após este desabafo, além de viver sobre pressão, passei a ser julgado e condenado todos os dias. Luna me acusava pela sua desgraça, dizia que Deus estava castigando ela pelas minhas atitudes passadas.

Seis meses depois desta confissão que fiz quando bêbado; Luna revelou estar gravida. A notícia pelo menos trouxe algum alivio, já que ela vivia somente em prol do filho e acabava me deixando de lado.

Acompanhando as mudanças no seu corpo e o crescimento da criança eu estava menos triste e percebi que talvez pudesse ser um bom pai. Eu imaginava Isabella, e sempre me acabrunhava pensando que eu adoraria vê-la assim por minha causa, aquele jeito que pra muitos podia ser machismo e primitivo mas agora eu tinha certeza que estaria orgulhoso.

No quinto mês descobrimos que seria uma menina. Entusiasmado eu sugeri que se chamasse Louise, ao pronunciar este nome eu sentia todo seu poder e a imponência que consequentemente minha filha herdaria. Mais uma vez isso foi motivo de briga, Luna não aceitou queria um nome de origem espanhola em homenagem a seus decentes, sugeriu Anita. Disposto a não abrir mão dos meus direitos paternos, insisti até que ela cedeu, sendo assim Anita Louise.

A gravidez foi turbulenta e testou todos os meus limites, uma esposa manhosa e muito mimada. Seus pais a esta altura moravam na nossa casa pra aumentar minha desgraça. Mas foi graças à companhia de meus sogros que Luna foi levada as pressas para o hospital dando inicio a um parto prematuro, ocasionado por sua pressão alta. Eclampsia.

Anita Louise nasceu com baixo peso e com a situação critica devido à baixa defesa de seu organismo, imediatamente foi transferida pra uma incubadora e recebendo o que a de melhor e mais avançado na medicina. Eu estava um caco, não sabia que podia doer tanto ver um filho neste estado. Ela era tão pequena e frágil, cabia na palma da minha mão. E novamente as lembranças me atormentavam e me fazia sentir nojo de mim mesmo, um monstro que manda acabar com seu próprio filho ainda em desenvolvimento na barriga da mãe. Era muito fácil imaginar o quanto Isabella se decepcionou com meu comportamento, eu mesmo estava irado com aquela atitude.

Luna teve uma recuperação fantástica, mas se recusava a me receber. Acrescentou mais uma acusação em sua lista, passou a me culpar pelo nascimento antecipado da filha. Até que numa manhã de domingo, os médicos anunciaram a morte da menina.

E foi a partir deste fato que passei a me culpar ainda mais , com certeza o destino estava me castigando, e infelizmente Deus mostra essas verdades através de inocentes. Chorei muitos dias seguidos, e durante semanas eu imaginava formas de sobreviver a mais uma tragédia na minha vida .

Parecendo proposital, Luna escolheu o domingo, mesmo dia semanal da morte de Anita pra me dispensar de sua vida, um ano antes de romper o contrato que assinamos antes do casamento. Não sem antes me confidenciar que Anita não era minha filha, era o fruto de um amor verdadeiro com um homem de verdade. Alguém com quem ela preferia viver seus dias e não com um homem condenado ao fracasso e carregado de amargura, sim este era eu. Eu estava sendo traído a alguns meses .Luna me confidenciou.

Fui humilhado, dispensado e me sentia um lixo. Definitivamente o acaso conspirava contra mim, , desolado com a morte da minha “suposta filha”, e foi nesse momento que minha ficha caiu. Imagens começavam a se formar como slides em minha mente. Eu Estava arrasado com a perda de Anita que, nem se quer tinha meu sangue. Como fui imprudente de desejar a morte do meu próprio filho? Sangue do meu sangue.

Teria de aprender a conviver com este crime, certamente a culpa será minha acompanhante até a morte.


_ Pensando longe filho? Imagino quantas lembranças esta foto trás a você, mesmo que evite o assunto, é perceptível o quanto este casamento lhe deixou marcas e destruiu sua vida _ concluiu meu pai, percebendo o quanto a foto no aparador me fazia refletir, um casamento que mesmo antes de acontecer já estava condenado ao fracasso.

Ao lado esquerdo do porta-retrato estava outra foto de casamento, mas nesta era a exibição de um casal de alegria contagiante, minha irmã Rose e seu marido Emmett. Do lado direito da minha foto e da Luna, estava à imagem de Kate minha irmã mais nova e seu marido Garret, não sabia dizer qual das minhas irmãs estava mais felizes, assim como seus respectivos maridos, exceto eu. Mostrando evidentemente meu desgosto com esta união.

_Ainda não entendo por que Esme mantem esta foto aqui, isso nunca foi um casamento de verdade_ reclamei impaciente, Esme é o tipo que adora exibir fotografias felizes pela casa, mas esta estava longe de ser uma imagem feliz.

_Edward você não pode fugir do passado filho, mesmo que você exclua sua família e tente nos manter de fora, saiba que estamos aqui pra você e por você, quando quiser se abrir saiba que tem nosso apoio_ era estonteante ouvir estes dizeres; meu pai Carlisle Cullen, o competente médico da saúde do corpo e da alma. Mas nem ele, nem ninguém sabia dos meus conflitos internos, e as burradas que eu cometi; exceto por Eleazar.

Analisei ao redor da sala e dos corredores não encontrando ninguém. Esperava ver minha família completa pra comunicar minha decisão.

_Onde estão Esme e Rose_ Rosalie e Kate são filhas do segundo casamento do meu pai.

_Até alguns minutos atrás Rose estava no jardim lendo um artigo na revista, e Esme está em uma reunião com uma cliente nova que está se estabelecendo aqui na cidade.

Seguido por meu pai fomos ao encontro de Rose, analisando de longe ela parecia mais amena, mais afetuosa, seu semblante parecia mais doce. Ao seu lado estava um monte de pelo deitado na poltrona mais próxima. Suzy, a sua cadelinha Golden Retrieverde, uma aberração da natureza, uma peste cheia de pelo marfim e nuance amarela conforme a claridade, estrutura grossa, stop bem definido e grandes olhos marrons amendoados, estes que sempre a me ver mostravam o seu medo.

_ Sai pra lá coisa feia _ repreendi o animal mandando ela pra longe da poltrona, Rose me olhou com um olhar pronto pra fuzilar_ Não me olhe assim Rosalie, lugar de animal é no chão.

A loira a minha frente ajeitou sua postura e ignorando minha presença voltou seu olhar pra revista.

_Suzy é mais purificada e limpa que muitas pessoas, e você não é uma muito frequente nesta casa pra chegar assim todo autoritário e espantando o meu bebê_ Rose respondeu sem me olhar, ao fundo ouvia meu pai rir baixinho.

Ignorei sua repreensão, Rosalie e eu por termos naturezas semelhantes, somos mais afastados, qualquer manifestação irrita o outro. Kate por outro lado é dócil e carinhosa.

_ Isso deve estar muito interessante, já que prefere focar sua atenção na matéria ao invés do seu irmão mais velho_ apontei o dedo mostrando a revista.

_Na verdade está muito interessante sim, uma jovem fotografa que acaba de chegar da França com técnicas inovadoras e até então inéditas aqui Na cidade_ esclareceu.

Olhei os ponteiros do meu relógio admirado com o avanço das horas, meu pai percebendo minha inquietação me convidou a dar uma volta pela casa e por fim fazer parada na cozinha para degustar das delícias da Tita, cozinheira da casa. Voltamos pra sala encontrando minha irmã Kate, Esme e Rose compartilhando uma conversa sobre a agência de decoração que juntas elas administram.

_Rosalie tenho certeza que você vai gostar de trabalhar com ela, o tipo de cliente que não é altamente exigente, ela é mãe de gêmeos e está ansiosa por decorar o quarto das crianças, na verdade um casal; imaginei você pra esta função. _Esme passava a ficha da cliente para minha irmã.

Ao encarar o corredor, percebi seus olhos brilharem ao posar sua atenção em mim.

_Edward querido! Que bom te ver por aqui, estava preocupada que já tivesse esquecido o caminho de casa_ minha madrasta ressaltou fazendo seu usual drama de sempre__ Filho você esta magro, cheio de olheiras, não faça isso consigo ,venha morar com a gente.

Sentei junto delas, suportando os abraços sufocantes da minha irmã Kate, e os olhares repreendedores de Rose, lamentei pela falta dos meus cunhados, mas ansiava por compartilhar minha noticia. Ignorei o comentário da minha madrasta, eu só traria mais tristeza pra este lar vivendo entre eles.

Novamente encarei o relógio e notei como precisava ser rápido, antes de voltar pra casa eu precisava passar numa loja de conveniência pra comprar alguns artigos pessoais, eu tenho uma agente responsável por quase tudo na minha rotina, exceto coisas particulares, estas eu não abro mão.

_Bem pessoal, eu queria encontrar todos reunidos pra comunicar que em algumas semanas estou me mudando para o Japão_ Minhas irmãs abriram a boca para se manifestarem, mas rapidamente interrompi_. Entendam que como dono da construtora eu tenho de acompanhar esta obra, fechamos um contrato com o governo e eles empreitaram construções de casas habitacionais, o que quer dizer tempo indeterminado, por que há muito que ser feito por lá.

Esme parecia desolada, eu não podia ignorar seu carinho maternal comigo, minha mãe faleceu quando eu era ainda bebê, Esme se tornou minha babá e consequentemente não demorou muito a se envolver com meu pai, e o resto é história.

_Filho talvez você possa enviar alguém de cargo de confiança, não vejo necessidade de você se afastar ainda mais de sua família_ reclamou meu pai.

E de certa forma ele estava certo, eu poderia enviar alguém, mas eu queria sumir, buscar novos ares e talvez recuperar um pouco do júbilo do antigo Edward Masen. Estou a Um ano divorciado, livre e sozinho, não contava minhas aventuras noturnas como companhia ou compromisso. Mas nunca me senti tão só e infeliz, dia após dia eu experimentava o sabor da solidão.

_Pai eu poderia mandar Eleazar, mas este está com o casamento marcado, eu não me atreveria a exigir isso dele em sua nova fase, outra opção seria Garret_ imediatamente Kate levantou do sofá cuspindo marimbondos _A julgar pela cara da Kate, eu perderia minha irmã fazendo isso_ comentei sorrindo_ Então vou eu, sou sozinho e não presto contas a ninguém.

Sai da casa do meu pai com minha decisão reforçada, falta deles insistirem para que encontrasse outro pra se mudar não foi. Mas agora era vida nova e bola pra frente.


********


Estava olhando os artigos de perfumaria, depois do meu entusiasmo pelo trabalho, minha segunda grande paixão eram perfumes. Com certeza minha marca registrada.

Estava mudando de prateleira e analisando uma amostra interessante, fragrância com estilo inovador e refrescante. Uma Infusão cheia de elementos chave, laranjeira-azeda, lírio, vetivéria, madeira de cedro, incenso e benjoeiro, nunca poderia imaginar tal combinação com ingredientes tão inusitados seriam capazes de propor aquela sensação de que acabou de tomar um banho revigorante apenas com uma leve vaporizada em direção ao pulso e pescoço.

Mudei meu passo encarando ainda a amostra, mas rumando às loções pós-barba. Num rompante senti algo pequeno se chocar contra minhas pernas.

Olhei para baixo encontrando uma garotinha sentada no chão, provavelmente estava nesta posição pelo encontrão de forte impacto contra meu corpo.

_Precisa olhar pra onde anda garota, da próxima vez pode se machucar ou coisa pior_ abaixei ao seu encontro ajudando ela a se erguer, mas usando meu tom grave e forte repreendendo seu comportamento.

Percebi como sua testa franziu e suas bochechas atingiram um tom notável de vermelho, os grandes olhos verdes me encaravam com raiva e se esquivou da minha ajuda, levantado sozinha da queda.

_E você deveria voltar para escola e aprender a ser mais educado; sem falar que deve prestar mais atenção ao trocar os passos. Mamãe sempre diz que falta de coordenação acaba fazendo estragos_ respondeu me desafiando.

Eu me segurei pra não rir dela, parecia que eu estava sendo repreendido. Seu olhar não vacilou em nenhum momento, à medida que eu a observava, ela fazia o mesmo, sempre atenta me afrontando e seus olhos varrendo desde meu corpo ao meu rosto.

_Vejo que é uma bela mal criada menina, você que deveria olhar pros lados antes de sair correndo esbarrando em estranhos_ confesso, estava adorando irritar a pequena, estava achando interessante este jogo. Eu falava algo ela vinha e me dizia algo excepcional, sempre me surpreendendo ela fazia ao contrario. Uma capacidade altamente forte pra alguém tão pequeno.

Sua linha facial deixava claro que futuramente seria uma moça de arrastar quarteirões, o rosto arredondado, mas ao chegar ao seu queixo finalizava em traços quadrados, os brilhantes e acesos olhos verdes molduravam sua face contribuindo com um equilíbrio perfeito. Sorri ao comprovar como o seu nariz era arrebitado e empinado, no entanto muito bem delineado, mas comprovando como sua dona poderia ser alguém de gênio forte. Os cabelos estavam úmidos e não permitiam muita exatidão, mas parecia algum tom vermelho perolado próximo ao bronze.

_Vai ficar ai me encarando? Não está se esquecendo de nada, senhor mal educado? _ela dizia e em seguida mordia o lábio inferior, sim, ela parecia enfurecida comigo.

Tive vontade de me dar uns tapas na cara, por estar numa loja perdendo tempo enfrentando um mini projeto da senhora valentona. Mas não podia negar como estava me divertindo, a garota estava me deslumbrando.

_Ok senhorita, vou tomar cuidado da próxima vez quando trocar meus passos, satisfeita?_ fingi estar magoado.

Impaciente ela agitava sua perna direita, uma perna gordinha por sinal, sua saia jeans curtinha deixava as coxinhas e pernas de fora, o pé calçado com uma sapatilha preta de lantejoulas batia impaciente de encontro ao chão. Uma figura. Eu não pensava que encontraria uma garota que batia os pés no chão, e aqui estou eu prendendo o riso.

_Peça desculpas, o que esta esperando? _ela dizia autoritária e cada vez mais franzia a testa, aumentando o compasso do pé no chão. Sua pele branquinha feito cera revelava aos poucos que ela estava mais raivosa, seu tom de vermelho estava aumentando.

_Ok, você venceu menina, desculpe este velho gaga que não olha por onde anda_ ela pareceu gostar da minha comparação a um velho, pois disparou a rir.

_LOUISE MARIE! Menina como você some desse jeito e deixa sua madrinha louca? Você quer que sua mãe me mate?_ eu não conseguia encarar a mulher, a menção daquele nome me abalou, Louise seria o nome da minha “suposta filha”, mas eu conseguia sentir os olhos da mulher mim.

Rapidamente olhei em sua direção, encontrando uma loira bonitona, mas estranha, com seus fios lisos presos em dois rabos de lado, como muitas mães fazem em suas filhas, as populares Maria Chiquinha. Ela estava me encarando, mas não flertando, me analisava como se me conhecesse. Voltei minha atenção à garotinha.

_ Menina como é mesmo seu nome?_ ela estava me ouvindo perfeitamente bem, mas me ignorou fingindo não ouvir_ Como se chama? _perguntei novamente.

A loira bufou irritada, em seguida descruzando os braços e pegando a menina no colo.

_Francamente meu senhor, não se toca? Está tentando flertar com uma garotinha?_ a loira esquisita respondeu aborrecida e me dando as costas, mas não sem antes a menina olhar pra mim com a cara safada.

_Por que você sumiu meu amor? Pensei que você gostasse de passear com a dindinha_ a loira dizia na sua voz infantil e melosa.

_ Você estava demorando nas sessões de camisinhas e aquilo é muito chato_ a garota falou naturalmente, eu fiquei estagnado, como ela tinha conhecimento disso?

A mulher parecia encabulada e eu segurei pra não rir do seu desconforto.

___Oh você entendeu errado amorzinho, dindinha não estava olhando estas coisas __ a mulher tentou desconversar.

Louise apontou o dedo no seu rosto a acusando.

__Estava sim, eu ouvi. Muito feio mentir dindinha, seu nariz vai crescer igual ao Pinóquio.

Devolvi meu olhar à menina e falei pela terceira vez, chamando por sua atenção.

_Nome bonito o seu, Louise, igualmente como você. Se eu tivesse uma filha, imaginaria ela assim; como você .

_Mamãe diz que não devemos conversar com estranhos._ ela chiou fingindo inocência diante da mulher que lhe segurava protetoramente. Como se ela não tivesse conversado comigo me desafiando a pouco, com certeza eu não era o único que estava gostando da brincadeira de irritar.

_ Se sabia meu nome por que estava me perguntando?_ Audaciosa ela perguntou arqueando a sobrancelha.

Antes que eu a respondesse a loira saiu carregando a pequena Louise.

Voltei pra minha casa, mas recordando mentalmente da pequena discussão na perfumaria, aquilo foi esquisito.

Ao chegar em casa encontrei o carro de Eleazar e chateado comigo mesmo, me censurei por ter esquecido da reunião.

Entrei pela sala bufando e encontrando meu amigo agora não tão meu amigo sentado no sofá apreciando uma dose de vodca pura.

_Desculpe Eleazar tive alguns contratempos _depois do sermão que Eleazar me passou no escritório no mesmo dia que Isabella me deixou, nossa amizade nunca mais foi a mesma, não que ele tenha mudado comigo, mas sim o contrario. Ele sempre esteve certo, eu era um miserável. Por isso eu me fechei e passei a tratar com ele apenas assuntos da Masen Construtora.

_Tudo bem Edward, temos tempo, me acompanha na vodca?_ assenti concordando.

Após algumas doses de vodca e a conclusão de nossa reunião, eu começava a sentir meu corpo reclamar pelo cansaço.

_Hoje me lembrei dela_ falei baixo, na verdade um pensamento que me ocorreu, mas saiu em voz alta. Como se eu não pensasse nela todos os dias, mas hoje este pensamento veio com mais intensidade.

Eleazar me olhou espantado pela admissão, eu atribui este comentário pelo efeito do álcool começando a surgir. Percebendo o silêncio de Eleazar, eu continuei a falar.

_Parece estranho, mas hoje encontrei uma garotinha na loja e o seu jeito contraditório me fez lembrar Isabella. Eu sinto meu peito inflar de saudades dela, eu queria que todos os meus dias se resumissem apenas na presença dela. Pensei que com o tempo eu a esqueceria ou aprenderia a lidar com sua ausência_ os filtros na minha cabeça estavam a solta, pensamentos que sempre segurei, agora estavam saindo em enxurrada por minha boca.

Meu amigo levantou do sofá marrom escuro e veio sentar de frente pra mim, com uma sobrancelha erguida ele questionou.

_Eu nunca vou compreender como você se acovardou Edward, você errou ao fazer aquele pedido, mas em seguida se deu conta do quão errado estava. Diga-me sinceramente; por que não colocou um detetive atrás dela? Por que preferiu fingir ser feliz com Luna, quando sua vida estava de cabeça pra baixo?

Aproveitei a desculpa da bebida e desabei, amanhã pelo menos poderia usar esta justificativa pra remediar meu estado melancólico.

_O que você acha que eu fiz cara?_ Eleazar estava sobressaltado com minha revelação, jamais admiti pra ele e nem pra mais ninguém como eu corri atrás dela, mas fui enxotado de vez da sua vida.

_No dia seguinte, eu mal saí da minha cama e já estava na floricultura preparando um buque de flores pra levar ao seu encontro, eu não tinha em mente pedi-la em casamento por hora, mas explicaria minha situação e o contrato a cumprir.Com sorte se ela me aceitasse, eu estava disposto a quebrar o contrato e desfazer qualquer casamento de negócios com Luna. Mas ao chegar ao apartamento imagine minha surpresa ao encontrar ele vazio e sem nenhum vestígio de seu paradeiro. O porteiro se recusou a me passar qualquer informação. Fui até a faculdade que ela frequentava, mas lá não foi diferente, eles seguem a orientação de não passar qualquer informação dos alunos. Enquanto eu saia da recepção um jovem me avaliava, seu semblante era raivoso e deu a impressão que queria me chamar pra briga.

Eleazar se ergueu e caminhou até o frigobar, preparando mais uma dose pra mim e para ele.

_Entenda Eleazar, eu estava disposto a remediar aquela situação, mas o cara que olhava da recepção só confirmou aquilo que meus ouvidos não queriam ouvir, Isabella tinha abortado assim como pedi e tinha se mandado pra fora do país atrás de uma nova vida. Eu poderia ter procurado mais por ela, mas não seria justo faze-la sofrer novamente. Sozinho eu fiz estragos demais.

_Sinto muito cara, eu sinto muito pelo que eu te disse aquele dia; sinto muito pelo rumo que as coisas tomaram. Mas o que é pra acontecer não cabe à gente julgar._ Eleazar disse ao se levantar pra ir embora.

Este foi meu fim da linha, se Isabella me queria longe de sua vida, e estava disposta a refazer aquilo que sobrou. Comigo não seria diferente, nesta altura do campeonato eu também não tinha nada mais a perder, aproveitei e adiantei a data do meu casamento com a formosa Luna, mas não tão bela quanto a minha Bella.

_E não se esqueça Edward, daqui dois dias será meu casamento, pode não se considerar mais meu amigo, mas faço questão da sua presença_ Eleazar disse se aproximando do jardim do lado de fora.

Fui pro meu quarto me aprontar pra deitar, já que dormir não parecia uma opção no momento. Demorei no banho, deixei que a água fizesse seu trabalho de purificação em alguém tão sujo e imundo quanto eu.

Parei diante do reflexo no espelho e os desmoronamentos nas paredes do meu coração me atingiam em cheio. A imagem revelava um homem com seu mar infinito de dinheiro, diferentes aquisições de imóveis , um indivíduo que julgava encontrar seu alicerce na expansão de sua empresa e engordar sua conta bancaria, é esta a água que rola no meu peito naufragado, este que um dia pulsou.

Eu não vivi, apenas sobrevivi três anos com Luna, mas nunca estive tão sozinho.

Aumentei minha condição financeira, me presenteei com vários luxos, iates, carros, mansões e afins, MAS nunca fui mais vazio e sem nada onde me apegar.

O reflexo no espelho não mostra nem de longe o olhar que antes era decisão, uma baía de profundidade, no entanto, agora revelam um vazio condenado pelo remorso e covardia. Apenas me cabem raízes mortas trilhando meu próprio padrão de desapontamento, tocando o mármore gélido e glacial que se tornaram o meu ser.

No momento tudo que eu precisava era uma boa noite de sono, e planos pra começar de novo.

Eu sou um construtor, o dono de uma grande construtora e agora empreiteira, não seria difícil reconstruir um novo Edward Masen, ou seria?

Sim! Com certeza, seria.

Tudo que eu gostaria, era uma segunda chance e a oportunidade de fazer tudo diferente.

Escolher outro caminho.

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