Kristen
concedeu uma entrevista a revista Trois Couleurs, onde fala sobre On
the Road e outros filmes. Nossa equipe tradução toda a entrevista, e,
abaixo você pode conferir os scans:
Você lembra o que sentiu quando leu ‘On the Road’ pela primeira vez?
Este
livro sinceramente engrenou algo em mim quando o li pela primeira vez.
Eu tinha 15 anos. Eu amei a conduta, a história…eu fui levada com os
caras! Foi bem diferente de qualquer outro livro que eu tenha lido. Foi
meu primeiro livro favorito. A primeira coisa que eu destaquei foi a
descrição de Marylou sentada em um quarto, como um quadro surrealista,
desconectada dos rapazes. Graças a Walter, aprendemos tanto sobre essas
pessoas – muito mais do que estava escrito no livro! Nós sabiamos a
história verdadeira, nós lemos a versão crua…
Como você reagiu quando Walter te propôs o papel?
Eu
tinha apenas 17 anos. Eu estava no meu carro, estava tão animada que
continuei a trocar as marchas. Simplesmente não podia acreditar até o
dia que estava no set.
LuAnne/Marylou
é descrita por Keroauc como uma “ninfeta com cabelos loiros e
comprimento médio.” O quão próxima você se sente dessa personagem?
Há
muito pouca informação sobre LuAnne comparada à outros membros da
Geração Beat. Embora ela parecesse socialmente próxima, ela era muito
afastada do mundo lá fora. Sua vida era muito privada. Então foi difícil
pra mim encontrá-la. Com sorte, eu tive a chance de falar com sua
filha.
O que mais a tocou sobre ela?
Sua
incrível habilidade de amar, sua humanidade pura. É uma excepcional
qualidade. Eu não esperava isso. Ela é honesta, aberta e compreensiva.
Ela é observadora, mas ela não julga ninguém, e ela se mantem
completamente inconsciente de julgamentos. Em um tempo com aquele – e
até mesmo agora! -, ser capaz de abertamente dormir com um cara que
dorme com outros caras e mulheres ao mesmo tempo. E ela ainda se mantem
verdadeira aos ideias americanos dos anos cinquenta. Ela viaja ambos os
mundos também! Primeiro, eu não entendia isso. LuAnne não estava sendo
revolucionária, ela apenas estava sendo ela mesma. Não era como “esses
tempos estão me matando,” ela apenas não se encaixava neles.
Surpreendentemente, ela tinha sérios problemas de estômago quando era
mais jovem, mas ela os ignorava. Ela estava bem com suas próprias
inseguranças; foi isso que a fez capaz de fazer a viagem.
Durante a preparação, você teve a chance de ouvir a voz de LuAnne. O que você aprendeu dessas gravações?
Sua
voz era linda e isso nos levou a histórias que não conhecíamos. Eu me
apaixonei por isso. Ela falava como as pessoas falavam nos anos
quarenta, com palavras que não não usamos mais. Ela tem uma voz mais
forte do que eu. Eu travo, eu engulo tudo o que eu digo – Ela é muito
mais articulada.
Walter te pediu para assistir alguns filmes antes das filmagens?
“Shadows”
foi o principal, especialmente para a cena da festa de ano novo. Walter
realmente queria que nós sentíssemos um pouco desse espírito. Ele é um
diretor muito generosos. Como todos os grandes artistas fazem, ele pode
se tornar um maníaco obsessivo, da melhor maneira.
Em uma entrevista, você disse que Marylou era “o estrogênio necessário” entre Sal e Dean. O que você quis dizer com isso?
Ela
era a ponte entre esses dois homens muito diferentes. Se ela não
estivesse por perto, eles provavelmente não teriam estado tão próximos.
Ela gerava harmonia. Ela tinha ambos nela, e ambos precisavam dela. Eles
tinham um limite único que não condiz com o que nós estamos
acostumados. Todos dizem que em “On the Road” as mulheres eram apenas
brinquedos usados pelos garotos. Mas ela era desejada, ela não era a
vítima. Quando Neal a conheceu, ele disse: “Eu encontrei minha
companheira!” Ele estava verdadeiramente apaixonado por ela – talvez um
pouco de mais. Ela era selvagem e barulhenta, ela era divertida,
diferente, e sexy. É isso que ele amava sobre ela.
Quão intensa foi a filmagem?
De
verdade foi o mais carregado, rico, louco, selvagem tempo que eu já
passei em um set. Eu não sentia que estávamos fazendo um filme. Nós
tínhamos a chance de passar quatro semanas em um acampamento antes das
filmagens. Nos ajudou a conhecer um ao outro, a nos sentir confortáveis.
Embora eu não estivesse lá o quanto eu queria, nós estávamos exaustos.
Nós não dormíamos – nunca. Eu não sei como nós fizemos algumas dessas
cenas – às vezes, se você está realmente dentro de algo, você não
consegue dormir e estar muito feliz com isso. Walter queria que nós
parássemos de pensar sobre nossa atuação. Que parece espontânea, como
‘On the Road’ deve sempre parecer. Nossa viagem teria valido a pena até
mesmo se não fossemos filmar. As conversas que nós tivemos, os problemas
que Garrett escreveu…
Fale sobre a cena da festa de ano novo e suas partes de dança impressionante…
Eu
saia de cada cena. Eu estava morta. Estava muito quente em Montreal
naquela época, e nós tínhamos 60 figurantes na pequena sala que
estávamos filmando – Eu era capaz de sacudir meus nervos por todas as
outras cenas, mas para essa, eu estava muito nervosa, porque eu não sou
uma dançarina. Mas era meu trabalho perder a cabeça. Eu queria muito
conseguir chegar ao ponto onde eu não poderia ver. A cada minuto eu
pensava que iria cair, alguém me pegou. Ele assustou o diabo fora de
mim, mas ao mesmo tempo era a coisa mais divertida que eu já tinha
feito.
Kerouac escreveu sua história com o jazz em mente. De algum modo, você se sentiu como um músico no set?
Sim.
Eu interpretei uma outra parte que era baseada em uma pessoa de
verdade, em The Runaways, e foi difícil para mim colocar em palavras meu
personagem. Em On the Road,pelo contrário, nós somos encorajados a
improvisar, nós não teríamos feito a coisa certa a menos que nós
tropeçássemos em coisas e perdêssemos nós mesmos. Há sempre um pequeno
quarto para a liberdade, mas nesse caso, nós tínhamos tudo. Nós não
poderíamos fazer errado. No acampamento, nós trabalhamos juntos por
quatro semanas, reunindo todas as informações, nos preparando o máximo
possível então nós poderíamos esquecer e seguir em frente. Às vezes,
você é mais fiel ao livro se você não repetir a exata linha. Toda
filmagem era diferente. Nós filmamos muito – coisas de Walter. Ele está
sempre em movimento, capturando tudo. O filme pula e há lúpulo, é
esporádico, como o livro. E quando parece de se movimentar, é tão
aparente, ah meu Deus!
A
história de Kerouac é muito liberal em alguns aspectos e bastante
conservadora em outros – tem sido criticado por sua misoginia. Nas
telas, sua personagem parece mais forte do que no livro…
O
filme seria tão diferente se fosse na história real! E as pessoas não
estariam satisfeitas. Seria uma vergonha não contar a história toda.
Quantas vezes vamos adaptar essa história? Tinha que ser uma mistura
entre realidade e fantasia.
O Hudson é quase um personagem por si. Como você se encaixa nele?
É
uma compra irregular! Eu sempre acho que meu carro é uma garota. Mas o
Hudson não é uma garota! Ah Deus.. numa viagem pela estrada, você forma
uma ligação muito particular com o carro que você está [usando].
Curiosamente, na vida real, Neal não viaja muito com seu carro. E o
Hudson é tão famoso agora! É engraçado.
Sam
Riley e Garrett Hedlund nos disseram que eles ficaram com o coração
partido quando você deixou o set. Você se sentiu do mesmo jeito?
Eu
não podia acreditar que eles iriam continuar! Agora está bem e eu sei
que eu não pertenço ao resto disso, mas eu poderia ter literalmente
ficado em hotéis, apenas sentada e assistindo. Eu queria ficar muito
mal. LuAnne tinha o mesmo sentimento; ela tinha que terminar mas não
queria. Ela poderia ter ficado por perto um pouco mais e se torturado
mas ela decidiu que não.
Você interpretou outro filme de estrada, Into The Wild de Sean Penn. Foi uma experiência parecida?
Comparado
a todo o trabalho que eu tive, eles pareceram muito. Esses ambientes em
que vivemos antes de chegarmos lá e vivido em nós, de verdade. Sean e
Walter não tem medo desse sentimento. Em muitos filmes, cada um está
tentando conseguir fazer seu trabalho certo. Com Walter e Sean, foi
particularmente como se estivéssemos todos fazendo alguma coisa juntos.
Em Into The Wild, minha personagem tem raízes, ao contrário de Marylou.
Se ela fosse um pouco mais velha, ela poderia tê-lo seguido. Ela poderia
ter se tornado uma Marylou mas ela era muito jovem.
O diretor de fotografia, Eric Gautier, trabalhou em Into the Wild e On the Road.
Você
pode ir à qualquer lugar com ele, ele vai estar lá por você. Ele tem um
poder mágico. Antes que você se movimente, ele já está lá. Isso é
notável.
Como Twilight, On The Road é normalmente lido durante a adolescência. O quão diferente são esses livros aos seus olhos?
Você
não poderia pensar em duas histórias mais opostas. Provocou dois
acordes muito diferentes em mim. Em Twilight, nós tentávamos ser o mais
fiel possível ao livro. On the Road, liberdade era bem-vinda: foi tudo
sobre ter o coração certo.
Marylou
não é um personagem típico de Hollywood. Depois de Twilight, muitos
papeis que você escolhe são duronas e arriscadas: The Runaways, Welcome
to the Rileys. O que a faz escolher esses tipos de personagens?
As
pessoas que tem o perigo perto de suas veias tem mais a dizer. Elas são
mais interessantes. Somente é arriscado interpretá-los se você tem medo
de perder grande apelo. Muitos atores pensam sobre como eles vão ser
vistos: “Isso vai me prender aqui. Isso vai me fazer ser esse tipo de
ator!” Eu não. É por isso que eu fiz Twilight também. Eu o amei bastante
como à todos os meus outros filmes. Não importa a habilidade que é
mostrada. O que me conduz é “isso” – como diria Kerouac. Felizmente, eu e
LuAnne temos isso em comum.
On The Road finalmente está pronto. O que você sentiu quando assistiu pela primeira vez?
É
difícil colocar em palavras. Me surpreendeu constantemente, é triste e
divertido de assistir. Estou tão orgulhosa de todos! Muitos filmes
tentam responder todas as suas perguntas. Esse, te leva a questionar
mais. Te leva à lugares, mas não te diz aonde ir. Toda vez que você o
assiste, você vai por um caminho diferente.
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