Na entrevista concedida logo depois de terminadas as filmagens das duas partes de Amanhecer, Kristen Stewart faz um balanço dos filmes que vão encerrar a série e conta como Crepúsculo mudou radicalmente não só sua carreira como também sua vida.
Como você se sente com o fim da saga?
É estrando pensar que não vamos continuar. O fato de o quarto livro ter se desdobrado em dois filmes nos deu a oportunidade de aproveitar todos os momentos. É triste, quer dizer, não exatamente triste, mas a gente tem de entender que aqueles momentos incríveis estão indo embora. Por exemplo, o último dia de filmagens foi muito rápido e acabou não sendo tão emocionante. Todo mundo estava cansado e foi para casa assim que o sol nasceu. No dia seguinte é que percebi: bom, acabamos!
O que você acha a respeito da mensagem que o livro e os filmes transmitem às jovens mulheres, já que Bella é tão obcecada pelo namorado?
É verdade que Bella e toda a história são especialmente focadas em Edward. Mas também é muito sobre ela, é uma trip muito narcisista. Acho corajoso ela se sujeitar a alguma coisa que vale a pena, mesmo que seja maior que você. Ela é a parte mais forte da relação, de qualquer forma. Bella ainda está lutando, enquanto ele já jogou a relação fora umas cinco vezes. Ela tem uma intuição divina e está disposta a carregar esse fardo. Um jornalista mencionou que um dos integrantes do elenco teria dito que a Bella não é um bom exemplo para as meninas. Não concordo. Se você olhar um resumo da história, poderia dizer algo parecido. Lendo o livro todo, não.
As cenas do nascimento do bebê levantaram uma discussão sobre o aspecto pró-vida [contrário ao aborto] do filme. Isso foi discutido no set de filmagens?
Sim, discutimos isso durante os ensaios. Para mim, não ficou claro quando li o livro, mas sabia que essa interpretação poderia surgir. Bella não tem ideias definidas sobre esse tipo de coisa, e o livro não é claro a respeito da religiosidade dela. Espero que não se prendam a essa interpretação.
A descrição do nascimento do bebê é assustadora. Como os fãs mais novos vão reagir às cenas?
O filme, nos Estados Unidos, não é recomendado para menores de 13 anos. Acho que essa restrição tem de ser respeitada. Mas é o final de uma jornada pela qual Bella morreria. Tem mesmo de ser impactante e assustador. Nesse ponto da história, ela chega muito perto da morte e não está mentindo. Acho que é uma bela maneira de encerrar a história.
O filme traz cenas de sexo que são sugeridas de forma mais discreta no livro?
Em alguns momentos, não parecia um filma da Saga Crepúsculo, parecia uma coisa: “uau, o que estamos fazendo?” Mas as cenas não são visualmente explícitas, com aqueles closes de verdade. Mesmo que no livro não haja descrições de sexo, no filme elas [as cenas] ficaram com o jeito de Edward e Bella. Me fez pensar em quando eu tinha aquela idade e enfrentei a mesma coisa.
Foi difícil ser mãe no filme?
Não, tudo foi caminhando para isso. Seria estranho se eles falassem: “Vamos arrumar um apartamento juntos e ver como as coisas rolam”. Eu me identifiquei muito com o aspecto maternal, com o fato de Bella ser mãe e encontrar essa identidade.
Você está ansiosa para sair dos holofotes?
Não sei, provavelmente vou falar sobre a Saga Crepúsculo pelo resto da minha carreira. E os fãs não vão esquecer.
Você parece bem mais tranquila do que no começo.
Verdade. Foi bem difícil no começo. Você é simplesmente jogada na situação precária de ter de se comunicar com o mundo. O negócio é falar para si mesma. Se você disser coisas cretinas, as pessoas vão achar que você é cretina. E tudo bem.
Jodie Foster [com quem Kristen fez O Quarto do Pânico, em 2002] mostrou-se surpresa por você chegar ao estrelato. Parece que ela achou que você nunca chegaria lá.
Ninguém achou. Deve ser porque eu era meio surtada e todo mundo me achava muito esquisita no começo.
Ainda assim, ela parece muito carinhosa com você. Costumam se comunicar de vez em quando?
Nós nos encontramos algumas vezes e ela disse: “Ei, me liga. Posso lhe ensinar algumas coisas.” O problema é que ando realmente ocupada. Jodie é incrível. Tenho sorte de minha primeira experiência com uma estrela ter sido com ela.
Há alguma outra atriz em cuja carreira você se inspire?
Sempre disse que queria ter uma carreira como a de Catherine Keener [protagonista de O Virgem de 40 Anos], fazer um projeto incrível atrás do outro. Ela parece, de alguma forma, capaz de fazer isso e se manter nesse terreno amoroso e do bem. Mas, no final das contas, você é o que você é, e eu escolho de forma muito impulsiva.
Eu li que você vai fazer um filme dirigido pela sua mãe…
Não, estou muito ocupada filmando Branca de Neve. E minha mãe está dirigindo um filme que, pelo que vi, está indo superbem.
E como está Branca de Neve?
Ainda estamos nas filmagens, mas estou animada. Foi interessante trocar ideias com os outros atores do elenco sobre as diferentes versões que tínhamos em mente.
O que você faz nos raros dias de folga?
Sempre respondo do mesmo jeito: procuro ler um livro ou dar um passeio.
Ou seja, tenta se isolar do mundo.
Sim. Há esses dias em que eu não encaro ir até uma loja de conveniência e ter alguém olhando pra mim. Argh! E muitas vezes você está só imaginando, as pessoas não estão realmente fazendo isso. No começo, eu andava por aí olhando para baixo, com o queixo colado no peito. Mas faço a mesma coisa: gosto de observar as pessoas e, se cruzar com uma celebridade, vou olhar para ela.
Você definitivamente inventou um estilo próprio, combinando vestidos de alta-costura com tênis….
Já usei muito salto alto no tapete vermelho e gostava do estilo. Mas daí eu tinha de correr até o palco algumas vezes e não gosto de subir em um pedestal na ponta dos pés para receber um prêmio que foi votado por garotas como eu. É tão melhor ser você mesma, ainda que isso soe como um clichê. Algumas pessoas têm muita expectativa com relação ao que eu uso e ficam irritadas por eu não calçar salto alto. Mas eu sei o que quero botar no pé. E nunca fui vestida por ninguém. A responsabilidade pelos meus erros é toda minha.
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