Você é incrivelmente ocupado. O que foi que Agua para Elefantes tinha que fez com que você decidisse que esse seria o seu próximo filme?
A primeira vez que eu vi o Francis, que nós conhecemos o Santuário de Elefantes onde a elefanta Tai vivia. Eu me dei muito bem com ele durante a viagem de carro. Quando chegamos neste lugar, conhecemos o elefante e estavam nos mostrando os truques que iria ocorrer no filme – foi um dia incrivel e todo o ambiente ao redor da elefanta era algo que me chamou a atenção. Eu amei a ideia de trabalharmos em um set tão calmo pois só de estar perto deles já era algo muito calmo. E também, depois de ter feito tantas coisas estressantes no ano anterior, quando eu li o roteiro e o livro eu amei os dois, e senti que eu poderia adicionar algo ali. E depois ainda tinham Reese e Christoph no elenco, e eu senti que não poderiamos ter um elenco melhor, e foi isso! Foi algo sem pensar, de verdade!
É interessante ouvir você falar sobre os animais porque em uma cena você anda entre os animais e os conhece. Você parecia muito confortavel no ambiente circense.
Existia algo sobre onde nós estavamos filmando e toda a selvageria da história – tinha algo mágico. Nós estavamos filmando no meio do deserto e tudo era autêntico nessa tenda de circo dos anos 30 e praticamente não havia nenhum equipamento moderno em lugar nenhum. Você realmente poderia acreditar que estavamos nos anos 30. Tinha algo sobre a luz que entrava pela tenda. Era uma qualidader mística, e além de tudo, estava muito quente, os animais estavam cansados, animais exóticos em jaulas antigas. Existe algo incrivelmente lindo e estranho quando você vê uma hiena e tigres, todos dormindo na mesma sala – e um bebê girafa lá no fundo. E tinha algo especifico sobre essa cena, o bebê girafa estava totalmente alheio a situação de que tinha um tigre em uma jaula e um leão em outra, do lado dele. Os dois ficavam encarando a girafa durante a cena e eu estava tentando fazer com que a girafa não percebesse o que estava acontecendo e mantinha-o focado em uma única direção.
Isso soa como uma metáfora ou algo assim, se bem que não estou totalmente certo disso.
É engraçado porque a girafa não nasceu no meio da natureza ou algo assim, então ela não tinha ideia dos perigos que a ameaçavam a poucos metros de distância. Quero dizer, todo mundo fala,“Nunca trabalhe com crianças e nunca trabalhe com animais”, mas eu descobri que isso sempre foi uma parte de mim. Eu realmente gosto de trabalhar com crianças e animais mais do que com adultos na maioria do tempo porque eles são uma constante fonte de inspiração pois estão fazendo uma coisa deles! Eles não sabem que estão em um filme!
Eles são os atores mais metódicos.
Eles realmente estão “dentro” dos seus personagens. [risos]
Quando criança, você queria fugir com o circo?
Não. Eu só fui ao circo quando tinha uns seis anos. Os palhaços estavam naquele carro pequenininho e a porta explodia e minha irmã me disse que o palhaço tinha morrido, o que era uma tremenda mentira mas eu achava que era verdade até a um ano atras. Eu acho que isso foi uma das coisas que fez com que eu nunca mais fosse em um circo na minha vida. É engraçado por que as pessoas sempre acham que o circo é assustador e quando você assiste a Agua para Elefantes aquilo ali não se parece com um circo. Algumas pessoas me perguntavam: “Dá medo? Tem aqueles palhaços assustadores?” Não. Por que essa é a primeira coisa que sempre vem a sua cabeça quando você pensa em um circo? Isso é muito estranho.
Muitas pessoas tem medo de palhaços. O que será que aconteceu com eles durante a infância?
Eu sei. Isso é muito estranho, a maioria das pessoas querem ser miseraveis o tempo inteiro então eles passam a ter medo de qualquer coisa só para fazer alguem rir. Um dos meus filmes favoritos quando eu era mais novo era It – Uma Obra Prima do Medo (baseado no livro do Stephen King). Eu sempre gostei da ideia de um palhaço psicótico.
Então eu acho que posso culpar It – Uma Obra Prima do Medo por tudo isso. Eu lembro quando eu assisti e era bem mais jovem e fiquei muito assustado – especialmente sobre as aranhas!
Eu assisti de novo recentemente e não achei tão assustador. Eu tive medo desse filme quando era mais novo por muitos anos.
Meus pais me deixaram ler o livro quando eu fiz 10 anos. Eu não sei o que eles estavam pensando na época. Eu queria te perguntar, esse filme tem um grande sentimento Americano. Como você é de Londres, fiquei me perguntando o que você fez para atingir esse grande espirito fronteiriço da década de 30?
Eu acho que esse sempre foi o meu periodo favorito da America. Sempre que eu estou viajando pelo interior americano e vejo aquelas terra plana que segue eternamente e as pequenas cidadezinhas com seus postos de gasolina e coisas assim. Essa é a minha ideia sobre a America. Eu nunca penso em New York ou cidade assim. É isso que parece pra mim. Esse periodo, o fim do Velho Oeste. É essa energia que eu acho realmente atraente. Gosto da ideia de romancear a America, porque na Inglaterra dos anos 30 não tinha nada que pudessemos romancear. Existe algo sobre a America dessa época que tem uma esperança muito simbólica por alguma razão. Assim que eu vi a forma como Jack Fish criou os sets e também os dias e horárias que haviamos escolhido pra filmar, naquele horário mágico – aquilo parecia inacreditavelmente Americanos o tempo inteiro e eu realmente gostei disso. Eu não sei se poderiamos fazer um filme moderno com essa mesma sensação. Eu não sei como fazer algo que realmente pareça Americano nos tempos modernos. Antes dos anos 40, as pessoas eram essencialmente cowboys e é isso que os Americanos são para mim. E então criou-se todas aquelas cercas de madeira branca e as coisas ficaram totalmente diferentes. Mas os anos 30 eram legais.
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