sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Entrevista de Kristen Stewart para a Vogue UK


[A entrevista] começou bastante simples. Eu estava indo para Los Angeles para entrevistar uma das maiores estrelas do mundo sobre seu próximo filme. Aos 21 anos, Kristen Stewart acabou de ser listada pela Forbes magazine como a atriz mais bem paga de Hollywood, uma riqueza em grande parte devido a Crepúsculo, a franquia de vampiros, no qual ela interpreta uma ídola virgem, Bella Swan. Emo por excelência, famosa por sua personalidade arisca, Stewart perdeu apenas para Kate Middleton, em termos de interesse público, interesse alimentado por nosso fascínio com seu namoro fora das telas com seu parceiro Robert Pattinson, que atiçou o mundo com sua narrativa “eles-estão, eles-não-estão” por anos.

Neste momento, no entanto, Stewart estava promovendo um projeto independente e menor: a adaptação para filme de Walter Salles do hipster clássico e principalmente autobiográfico de Jack Kerouac, Na Estrada (On the Road). O livro tinha sido uma paixão dela por anos – é claro que tinha! – e ela pressionou e pressionou para conseguir o papel da garota de 16 anos de idade, Marylou (a garota de espírito livre, baseada na esposa de Neal Cassady, LuAnne, que também teve um caso amoroso com Kerouac). Marylou estava a 1 milhão de quilômetros longe da Swan neurótica e desastrada-ao-ponto-de-ter-apraxia de Stewart; o papel de escape perfeito. Como eu disse, tudo parecia muito simples.

E então nos encontramos, um lindo dia de sol em Casita del Campo, um restaurante mexicano quieto, quase vazio, não muito longe da mansão de Los Feliz. [...] Uma presença pequena e intensa, vestida de calça skinny cinza desbotado, ela parecia uma bonequinha quando deslizou para o banco. Ela escolheu o local pessoalmente, a) porque certamente não haveriam “baratas” (sua palavra para os paparazzi) à espreita nos arbustos; e b) porque, sendo uma garota legal de Silver Lake, ela adora comida mexicana. “Eu nem sei porque estou olhando o menu”, ela suspirou, quando, sem entusiasmo, mergulhou uma batata frita no molho. “Eu já fiz meu almoço.”

Com sua reputação para ousadia (com todas aquelas caras e bocas e uso insistente de treinadores no tapete vermelho e assim por diante), eu meio que esperava a entrevista fosse uma daquelas clássicas lutas jornalísticas, mas na verdade, ela acabou por ser uma companhia excelente; interessante, interessada, articulada, engraçada e fácil. Ela falou com cuidado, com precisão; uma menina do Valley, claro, com todos os “caras” (dudes) e os “tipos” (like), mas articulada e medida.

Ela foi especialmente divertida e carinhosa sobre sua criação em San Fernando Valley; como sua mãe, Jules, uma roteirista/artista/organizadora a ponto de TOC”, tem uma “manga” de tatuagens adequada, extensões de cabelo e um cão que é parte lobo; como ela decorou quase cada teto em casa com um dos seus murais loucos de Alice no País das Maravilhas; e como Kristen e seu irmão Cameron voltavam para casa da escola e encontravam Jules “desentupindo um banheiro” porque estava entediada. Ela brincou sobre como seu pai, John, um gerente de palco com o cabelo na cintura, de repente desenvolveu uma coisa por moda e estava “começando a parecer com Karl Lagerfeld. Ele fica me pedindo para conseguir uma bolsa masculina da Balenciaga para ele e eu continuo dizendo, ‘Pai? Absolutamente não!’”

E ela estava mais aberta sobre Na Estrada, cujo uma cópia decorava o painel do seu primeiro carro, quando ela tinha 16 anos. Nós falamos sobre como o papel foi uma grande diferença de qualquer coisa que ela já tinha feito anteriormente. Por exemplo, havia nudez em abundância. Em uma cena, ela, Sam Riley e Garrett Hedlund (que interpretam Kerouac e Dean respectivamente) tentam um ménage à trois. Em outra, ela “deu uma mãozinha” aos dois simultaneamente. Mas Stewart estava lá para tudo. “Walter nos deixou confiantes,” ela disse animadamente, mas constrangida em seu desejo de se fazer clara. “Ele nos preparou totalmente para estar em condições de fazer essas coisas. Tínhamos pensado tanto sobre tudo que no momento que chegamos no set a história meio que abriu seu caminho através de nós. Tipo, nós éramos recipientes ou algo assim. De certa forma, eu não posso levar crédito por nada disso.”

Walter Salles disse por e-mail: “Conheci Kristen em Los Angeles. Ela conhecia Na Estrada de dentro para fora e entendia a personagem melhor do que qualquer um que eu tinha conhecido até o momento. LuAnne estava décadas à frente de seu tempo. Ela era uma jovem de espírito livre e que não julgava… mas provavelmente foi muito difícil estar em sua posição no final dos anos quarenta, início dos anos cinquenta, um desafio constante. Kristen entendia esta dualidade, o fato de que os momentos emocionantes tinham uma contrapartida dolorosa.”

Para alguém cuja reputação é tão louca, Stewart fez questão de declarar que nunca pensou em si mesma como uma rebelde de maneira alguma. Ela descreveu-se como o tipo de garota que tem ataques de pânico sobre suas notas na escola e uma adulta que “sempre analisa os pensamentos… tipo, como você não pensa em nada?” Isso foi, ela conjecturou, provavelmente o por que ela achou a era da Beat Generation tão sedutora. “O que diabos eu sei, mas acho que é por isso que o livro sempre será relevante. Sempre haverá esse grupo de pessoas que querem coisas diferente para a versão padronizada. Não é necessariamente uma coisa rebelde, é apenas o que eles são. O mundo naquela época me parece mais livre do que qualquer coisa que eu poderia tocar e estou totalmente nostálgica por ele, mesmo que eu não fosse viva ainda…”

“É o aspecto da lealdade dele todo”, ela prosseguiu com seu jeito baixo, sério. “Amo estar na periferia com um grupo de pessoas que têm os mesmos valores que eu. Pessoas que não ligam para a fama, que gostam do processo de fazer filmes e prosperar nisso, e que se dane quem não gosta.”

Quando mencionei seu casamento próximo com Pattinson (que tinha sido informado essa semana nos tablóides, juntamente com designs para o bolo, o vestido e os detalhes que Katy Perry seria a dama de honra), ela simplesmente encolheu os ombrinhos de boneca com a resignação de uma pessoa acostumada há muito tempo com especulação fantástica e suspirou. “Ei, eles são todos loucos. Tudo muda todo dia. Todo este, ‘estou na moda, não estou? Vou sair com meu namorado, não vou?’ Nunca é uma constante. Claro que é sedutor e importante, o que as pessoas pensam sobre você, mas você não pode prestar atenção. Eles podem dizer o que querem…”

[...]

“Não posso ser um espírito livre”, ela disse, quase suplicantemente, em um momento quando nos conhecemos. “Não de uma forma normal e relacionável, de qualquer maneira. Não posso nem fazer minhas próprias compras ou andar em um shopping. Como eu poderia? Mas, ao mesmo tempo, há sempre maneiras que posso explorar minha liberdade. Meu país é definitivamente um lugar menor do que como era em Na Estrada, mas isso não significa que o espírito vai embora.”

Na segunda e última vez que nos encontramos, Stewart e eu estávamos fazendo uma pausa para um cigarro nas escadarias do Hotel Particulier em Montmartre, onde um jantar estava sendo dado em homenagem a ela e Nicolas Ghesquiere. Foi cerca de uma semana depois de nosso primeiro encontro e ela foi tão desarmantemente amigável e falante como sempre. Como o rosto da nova fragrância de Balenciaga, Florabotanica, Stewart estava muito em evidência, em um vestido com corsete de seda azul bebê da última coleção e ankle boots de salto alto. Mais cedo, Ghesquiere contou-me como ele adorou sua capacidade de destruir a tradição do tapete vermelho; Ele adorou a maneira de como ela foi um símbolo da “juventude irritante” e o quão divertida ela foi ao colaborar com looks diferentes.

Stewart tinha acabado de voltar de Sydney na última etapa da turnê de promoção do filme. Ela parecia um pouco cansada (aquelas leves bolsas sob seus olhos estavam um pouco mais acentuadas e elas pareciam quase um pouco restrita por toda sua elegância), mas – com aquele cigarro atrás das costas, como se ela estivesse atrás de um barracão de bicicletas, e uma bebida na mão – ela estava em pleno vapor.

“Meu Deus, estou tão apaixonada pelo meu namorado,” ela de repente confidenciou, apertando seus punhos e endurecendo aquele corpinho com antecipação. “Eu queria que ele estivesse aqui agora. Acho que quero ter bebês dele.”

Eu tinha ouvido direito? Não era o seu namorado a única coisa que ela nunca falava? Para qualquer pessoa? E ainda assim, aqui estávamos. “Deus, eu sinto falta dele,” ela disse, jogando seu cabelo para trás e exalando uma nuvem de fumaça. “Eu amo o jeito que ele cheira. E ele a mim. Tipo, ele adora lamber minhas axilas. Não entendo essa obsessão em lavar o cheiro. Aquele cheiro de alguém que você ama. Você não acha que é o ponto?”

[...]

Lembro de algo que ela disse antes naquele restaurante louco sobre querer ser sua própria pessoa e não ter que estar em conformidade com as expectativas.

“Hum, como faço para colocar isso perfeitamente?” ela disse, tão concentrada em explicar direito que seu joelho começou a balançar. “Olhe, eu sei que se você ainda não pensou em como deseja apresentar uma idéia muito embalada de si mesmo para que ela possa parecer falta de ambição. Mas, cara, sinceramente? Não posso. As pessoas esperam que seja fácil, porque lá está você, lá fora, fazendo a coisa que você quer e fazendo muito dinheiro com isso. Mas, você sabe, eu não sou tão suave. Posso ficar desajeitada perto de certas pessoas. Tipo, se eu fosse sentar e pensar, ‘OK, sou muito famosa, como vou me comportar em público?’ Eu não saberia quem seria essa pessoa! Seria muito mais fácil se eu pudesse, mas não posso.”

Em relação a trabalho, Stewart ganhou o papel desejado de Peyton Loftis – no filme do romance de William Styron de 1951, Lie Down in Darkness – aquele que ela estaria, por engano, disputando com Jennifer Lawrence. Então há Cali, no qual ela tem seu primeiro crédito de produção. [...]

Stewart [...] é uma mulher jovem, atraente e inteligente tentando navegar seu caminho através da besteira. Então dê uma folga a ela, OK?

  Oh no they didn’t LJ// Via
  Via
*Como já sabemos Kristen está fora de Cali e não há confirmações para Lie Down in Darkness. Ainda ontem em estreia de OTR no TIFF ela afirmou em entrevista quando perguntada sobre seu próximo projeto, ela disse: "Eu não tenho um." *

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