Não se deixe levar pelo passado condenável da Kristen Stewart. O filme é REALMENTE bom.
Ok, talvez na versão do Chapolin a gente só absorva o Tchurim tchurim frum frai, mas você entendeu. :D
Isso não significa, porém, que o filme não seja um conto de fadas. Até porque, quando os Irmãos Grimm contaram a história dessa princesa alemã, eles nem sequer pensaram nessa coisa bonitinha. Nessa releitura da história, o diretor estreante Rupert Sanders e os roteiristas Evan Daugherty (que também estreia em longa-metragem), John Lee Hancock (Um Sonho Possível) e Hossein Amini (Drive) transformaram aquela, com todo o respeito e no melhor sentido possível, pieguice em uma história crua, violenta e, atenção para as aspas, “realista”.
Com um pano de fundo
“girl power”, esqueça o coitadismo, a espera pelo Príncipe Encantado —
ou mesmo o PRÓPRIO príncipe, as borboletas pousando no dedo, os
passarinhos azuis arrumando a cama, a cantoria. Durante as duas horas de
filme, o que temos é uma história épica, com batalhas ~estilo Senhor
dos Anéis~, com a perfeita “Jornada do Herói” vivida por Kristen
Stewart, na pele da Branca de Neve. A atriz, que tal qual Selton Mello
interpreta ela mesma interpretando Branca de Neve, por mais incrível que
isso possa parecer pra quem a conhece apenas pela Saga Crepúsculo, convence bastante com essa versão da personagem — inocente, mas ciente de quem é, do que é, e onde vive.
Ela é realmente encantadora. Não tem como não ficar do seu lado, torcer por ela. <3
O ódio que a rainha
Ravenna, interpretada por Charlize Theron, sente por ela é
compreensível. Não, a Branca de Neve NÃO É a mulher mais bonita do
reino, de onde quer que seja. Mas por todo o conjunto da obra, tanto da
Branca de Neve quanto da Rainha, fazem com que o Espelho responda o
contrário a partir do momento em que ela se torna maior de idade e se
prepara pra escapar da Torre Norte, onde ficou presa por 13 anos.
Porque, veja bem… Ela não quer simplesmente a morte da sua “rival” pra
que se torne a mais bonita e fim. A Rainha, que assim como um Shang
Tsung suga a “alma” das jovens meninas do reino pra que ELA se mantenha
magnífica, quer o coração da menina pra poder COMER e assim se tornar
imortal.
Ravenna é aquela mulher que todo mundo deveria ter medo: Linda e Louca. É um puta personagem, com uma puta interpretação
Chris Hemsworth e aquela
sua voz, quando aparecem, depois de mais de meia hora de filme, me
lembraram o Thor, automaticamente. Mas aí é só ver o cara todo sujo,
moreno e alcoólatra, vestido 100% do tempo pra reconhecer que ele
REALMENTE tem talento. E assim como todos os outros personagens do
filme, tem um bom motivo pra aceitar a designação da Rainha de ir matar
aquela jovem AND, o principal, de desistir de fazê-lo.
Mais um ponto pros roteiristas e o diretor. Pra cada uma das ações dos personagens, há uma motivação.
E não só o caçador que
demora pra aparecer. Os oito anões (os sete são direito da Disney)
aparecem só lá pro final, primeiro como alívio cômico nos momentos que
antecedem o clímax — e que talvez sejam os únicos mais “Disney” de todo o
filme, ainda que muito mais emocionantes. Eles dão a liga que faltavam.
Como um deles diz pro Caçador e acaba servindo pra gente: “Você tem
olhos, mas ainda não consegue ver”. A gente sabia, sentia tudo, mas é só
a partir dali que “ok, vamos pegar nossas espadas e seguir essa linda
até o fim”.
E com essa colocação de
alguns dos principais personagens da história bem mais pra frente do
filme, o diretor e os roteiristas não permitiu que acontecesse nenhum
tipo de romantismo, nenhum tipo de “óun”. Quando isso está prestes a
acontecer ele te dá um tapa na cara e lembra do que se trata esse filme.
Que sim, é um conto de fadas, mas é a história de uma menina fodida que
retorna ao seu reino pra assumir o posto do seu pai, depois de
“exilada”.
Não esperava nada além
de mais um desses filmes focados nesses adolescentes de hoje que, com
certeza, vão estar nas salas de cinema gritando, batendo palmas,
chorando. Ou mesmo uma versão “Joana D’Arc” da personagem, o que não é o
caso.
De verdade, Branca de Neve e o Caçador é um PUTA FILME de fantasia. Ou, pra ser mais justo, é um PUTA FILME, ponto.
O filme me surpreendeu
e, o principal, me impressionou. Acho que fazia um tempo que eu não
gostava de um filme desse jeito. Vale, e MUITO, ir pro cinema conferir —
só tomar cuidado com os horários mais cheios pra que você não se irrite
com fatores externos. ;D
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