Já tinhamos visto os scans completos da Empire Magazine que traz uma reportagem especial sobre Branca de Neve e o Caçador e entrevistas com o elenco. Agora deixamos vocês com a reportagem, que inclui uma entrevista com Kristen Stewart, traduzida:
Tradução: prih, Clara Alves e Belle
Branca de Neve e o Caçador está levando a
princesa do conto de fadas de volta às suas raízes obscuras – com um
orçamento de O Senhor dos Anéis.
Ah, Branca de Neve.
Como um conto infantil
encantador. Lembram da adorável parte quando o Caçador adulto não
consegue matar Branca de Neve, porque ele está apaixonado por ela, muito
embora ela tenha sete anos e isso seja nojento? Ou a sequência pouco alegre
em que a Rainha animadamente devora o que ela pensar ser o fígado e os
pulmões da criança? Ou quando a garota invade o esconderijo de bebidas
dos anões? Ou quando o príncipe insiste que a pré-adolescente case-se
com ele porque ele é apaixonado pelo corpo sem vida dela? Ou o
empolgante clímax em que a Rainha dança em seus sapatos em brasa e
morre? Não são histórias infantis adoráveis?
Quando foi revelado na Comic-Con em
2011, pouco antes de começar a filmar, Branca de Neve e o Caçador foi
descrito pela maioria das reportagens como uma revisão do conto de
fadas, trocando os tradicionais acontecimentos fofos por algo mais
violento. Mas recordando o conto dos irmãos Grimm Schneewittchen Und Die
Sieben Zwerge, de onde vem todos os detalhes e está saturado de sangue,
ódio e francamente uma adoração pré-adolescente bastante questionável.
De qualquer modo, Branca de Neve e o Caçador é o mais próximo do tom
Grimm que ninguém jamais chegou perto antes. Você não pode ser fiel a
Branca de Neve sem um pouco de tortura.
“Eu acho que nós estamos fazendo um
relato clássico disso”, disse Kristen Stewart, que interpreta Branca de
Neve. Embora, falando para a Empire no set da Pinewood Studios, ela não
parecesse exatamente como a versão clássica da personagem. Seu longo e
escuro cabelo é puxado para trás em um rabo de cavalo funcional e ela
está vestida em calças encardidas, camisa e uma jaqueta longa que parece
como se tivesse saído através de uma máquina de depósito de óleo.
“Eu não acho que eu tradicionalmente
sabia algo sobre Branca de Neve que não fosse a versão da Disney, e isso
é realmente muito diferente da história original, que é muito mais
[sinistra e sangrenta]. Há mudanças reais óbvias para nossa história,
mas em termos do que ela é, que é muito inocente, eu acho que nós
estamos realmente em sintonia com a personagem original”.
O roteiro
de Evan Daughterty para Branca de Neve e o Caçador foi um dos mais
populares em Hollywood em 2010, aparecendo na Black List, uma relação
anual dos melhores roteiros que entrarão em produção. Depois de Alice no
País das Maravilhas de Tim Burton ter tomado um rumo diferente em um
clássico conto infantil com uma bilheteria bilionária, ele também passou
a se encaixar como um molde de subgênero atrativo: clássicos infantis
que, você sabe, não são para crianças. Ele foi tão desejado que foi
vendido por 3 milhões de dólares, uma quantidade enorme para um roteiro.
A história de Daughterty começou muito
como a versão dos irmãos Grimm é, com uma Rainha Má que é consumida por
sua própria beleza e quando seu espelho, algo muito parecido com o raro
espelho de Tyran Banks em America’s Next Top Model, diz a ela que sua
beleza foi ultrapassada, ordena a morte de sua enteada Branca de Neve.
Sua eterna beleza é a característica que a define e deve ser mantida a
todo custo.
Em seguida ele se desvia um pouco do
texto original. O Caçador mandado para matar Branca de Neve poupa sua
vida, mas torna-se algo como um mentor e treina a garota, que é
considerada por um bando de anões (nesta versão são oito, ao invés dos
tradicionais sete) para ser a única pessoa que pode libertar o mundo
deles do reinado da Rainha venenosa. Há uma luta que se segue para
recuperar o trono sem nenhuma cantoria típica dos anões.
Este roteiro foi parar, surpreendentemente, no colo de um diretor que precisamente não lança seu nome em créditos de filmes.
No set, Ruper Sanders, é tão suave
quanto possível, um jovem, mas que aparenta 40, se mantém calmo no meio
de uma floresta falsa que apesar de estar coberta de “neve” (de grau
extra-fino, segundo as caixas), é sufocante. Anões de tamanhos variados
estão por todos os lados, (embora atores de grande estatura como Ian
McShane, Ray Winstone e Nick Frost, interpretem os papéis, todos tem
dublês menores para tomadas longas – incluindo um, surpreendente, com
uma barba que emana uma inconfundível voz de mulher) as espadas estão
sendo movidas para absolutamente nada e a Rainha Má, Charlize Theron,
está preocupada em apunhalar Chris Hemsworth acidentalmente no rosto
(“Eu gosto de você, então eu não quero fazer isso”). Entre tudo isso,
está Sanders de pé, um homem dirigindo uma carga de $200 milhões e de
quem se ouviu falar muito pouco sobre, fora deste set.
Como um diretor com apenas
anúncios relacionados a seu nome assegura um filme de modo que nove
estúdios disputaram para fazer isso? “Eu realmente não sei, ele ganhou
asas”, disse Sanders, libertando-se de um punhado de anões. “Eu me
encontrei com Joe Roth, o produtor, e disse a ele o quanto eu amava o
conto original e maduro, e como eu pensava que seria algo grandioso, e
eu deixei que conhecesse e ele me quis para fazer isso”. Sanders tem
trabalhado em comerciais e curta-metragens por cerca de 12 anos,
começando em um anúncio da Tag Heur com o diretor de American History X,
Tony Kaye, e ele tentou lançar seu filme de estreia por anos (a maioria de seus trabalhos estão relacionados no rupertsanders.com).
“Cheguei perto de um monte de
filmes grandes, que têm sido feitos desde então, mas não encontrei o
ajuste certo até agora. Eu apenas vi algo nisto que poderia ser
maravilhoso. Tem temas atemporais como perda, poder, morte e destino”.
Ele ganratiu que a maioria do elenco e da equipe da Universal se reuniu
para um curta de teste, exibido na Comic-Con, para mostrar como o filme
pareceria. “Foi muito impressionante, a maneira como eu vi”, disse
Stewart. “Você poderia ver o que o filme seria de imediado”.
Embora o roteiro de Daughterty fosse bem
quisto, Sanders fez grandes mudanças desde que chegou a bordo. Hossein
Amini, escritor de Drive, foi contratado para reformular, com um aguçado
Sanders empurrando-o para um público mais velho. “Eu acho que o tom de
Evan foi talvez voltado para o público mais jovem, e o que eu fiz foi
recuperar do conto dos Grimm e comecei a tocar com temas de moral e medo
da moralidade… Esses temas são poderosos. Cada país no mundo tem sua
própria versão da Branca de Neve”.
Com o tom de amadurecimento veio uma
escala ainda maior. A produção teve que assumir enormes partes do
estúdio Pinewood com sets imensos, com um castelo em tamanho completo,
em que cavalos se lançaram contra ele por várias semanas (continua com
um aroma inebriante).
Na Comic-Con os produtores citaram O
Senhor dos Anéis como inspiração. Para um diretor de primeira viagem,
Sanders está construindo seus obstáculos cada vez mais alto. “Mas embora
este seja meu primeiro filme, não sou novo dirigindo”, ele insistiu.
“Os diretores comerciais têm uma má reputação e eu acho que existem
algumas escolas diferentes. Eu sempre estive interessado no roteiro e na
história. É muito difícil contar uma história em um minuto, e embora
haja uma estrutura diferente para contar uma história em duas horas, é a
mesma gramática. Joe saiu para me ver trabalhando em um comercial para a
DirecTV onde nós reconstruímos parte da batalha de Iwo Jima, e ele viu
que eu poderia ser o capitão do navio”.
“Ele é um cara impressionante”, disse
Charlize Theron sobre seu diretor. “Ele era muito, muito aberto para ver
uma imbecil como eu entrar e fazer algumas coisas de risco. Um monte de
diretores novatos, especialmente em um filme deste tamanho, estaria
assustado. Se você está no mundo indie, em seguida é mais fácil estar no
controle, mas fazendo um filme deste tamanho para a Universal e estar
ok comigo chegando e dizendo, ‘Eu estarei fazendo uma referência a Jack
Nicholson em O Iluminado’, ou, ‘Eu acho que ela é o assassino em série
em Seven’? Isso toma alguma paciência”.
Sanders pode ser o capitão do navio, mas
o que têm atraído mais atenção é sua protagonista. Apenas deixando uma
das maiores franquias da história, Kristen Stewart tem feito fortunas.
Por um lado, Crepúsculo tem dado a força dos números na bilheteria e
isto significa que ela pode escolher qualquer projeto que queira –
apenas o nome dela basta para que ela comece a filmar [qualquer filme].
Por outro lado, a base de seus fãs a conhecem por uma “protagonista
romântica” e também outro grupo igualmente a conhece como “a garota de
Crepúsculo, a qual odeio”. Seu passo seguinte era provar que pode
construir um filme que não tem uma audiência hiperventilando.
“Minha primeira reação foi, ‘De jeito
nenhum. Eu não estou fazendo filmes de franquias”, Stewart disse,
tossindo através de um vento frio. “Eu estou acostumada a fazer filmes
de menor escala. Crepúsuclo foi minha primeira experiência fora dessa
escala, e eu nunca esperei que fosse tão grande. Mas é estranho o que
fala pra você… Certamente não foi assim (usa uma voz cheia de popa), ‘O
que isto vai fazer para a minha carreira?’. O filme é sobre problemas de
identidade e sair e enfrentar as coisas. Sou muito impulsiva e isso [o
projeto] simplesmente me pegou”.
O castigo de Stewart aparece na forma
nada desagradável de Charlize Theron, como a Rainha Má cuja beleza é seu
poder e que vai literalmente sugar a atração de qualquer pessoa que não
seja grotesco. “Ela não é só a ‘Rainha Má,’ ela tem um nome: Ravenna”,
diz Theron, zombadamente arrogante. “Na verdade, eu acho que ela ter um
nome é importante. Eu não tenho interesse em simplesmente interpretar
‘pessoas más’. Eu estou meio que intrigada pela razão de as pessoas
fazerem as besteiras que fazem”.
Um dia que a Empire está no set, Theron
está dando um discurso que parece deixar claro os motivos de Ravenna,
perversamente exaltando a sorte daqueles que morrem jovens, que eles
jamais conhecerão a miséria e a perda de ver a sua beleza e vitalidade
indo embora. “Ha. Aquele discurso que você viu foi literalmente a única
vez que foi referido”, Theron ri quando nós conversamos mais tarde. “Na
história original esse é basicamente o tema, sobre ela sendo tão
obcecada em vão pela sua beleza e envelhecimento”.
Mas enquanto mantemos algo disso, nossa
versão é sobre uma mulher cuja mãe instila nela o sentimento de que se
ela não permanecer jovem e bonita, então ela não será poderosa. Não é
apenas sobre ela querer ser bonita para se sentir bem ao olhar no
espelho; é sobre a crença de que para ser a melhor líder que pode ser e
para manter o seu poder, ela tem que permanecer bela. Como é viver uma
vida assim? Ela precisa de combustível. Theron faz uma pausa, “Então,
pessoas têm que morrer.”
Enquanto isso, o protagonista de Sanders
é um personagem que pouco aparece na estória original. Se pedirem para
enumerar todos os personagens de Branca de Neve, apenas os mais
estudiosos ou os que mais colam, irão se lembrar do Caçador. Ele é um
papel pequeno, um papel que mal usa qualquer tinta na versão animada da
Disney. Nesta versão, ele é uma peça chave. Então Sanders explica a
presença constante do Caçador:
“Uma das grandes coisas sobre o script
de Evan era a criação do personagem masculino. Como eu vejo, a rainha é a
morte e a Branca de Neve é a vida. O Caçador é o meio-termo entre as
duas. Ele sofreu uma grande perda e junta a morte e a vida para
encontrar o seu equilíbrio, assim o mundo pode girar novamente. A rainha
parou a morte. Entretanto a natureza se revoltou. As florestas se
enegreceram, as coisas que não deveriam comer umas às outras o estão
fazendo. Ele é uma parte muito importante do filme.”
Interpretando o Caçador está Chris
Hemsworth, apontado como um astro depois do sucesso de Thor. “Eu
honestamente não posso dizer que fiz muita pesquisa sobre o personagem”,
ele ri. “Quero dizer, como eu poderia? Eu simplesmente li o script e
gostei do que estava lá. Ele é um mercenário bêbado, meio que uma alma
perdida, e praticamente não sabe no que está se metendo. Então, ao longo
do filme ele se acaba por encontrar essa luz naquele mundo de trevas, e
ele fica mais sóbrio também, o que é bom.”
Você provavelmente já sabe que A Branca
de Neve e o Caçador não é o único filme da Branca de Neve que vai sair
esse ano. Em 2011, houve alguma conversa terrivelmente inadequada na
qual a Universal e a Relativity Media batalharam para soltar os seus
filmes da Branca de Neve um antes do outro. O da Relativity
eventualmente venceu a guerra, conseguindo a data de 6 de Abril para
Mirror Mirror, o qual é dirigido por Tarsem Singh, e tem Julia Roberts
como a Rainha e a pequena conhecida Lily Collins como a Branca de Neve. É
provavelmente justo dizer que o trailer de Mirror Mirror com esses
números musicais e um tom divertido, beirando o ‘desequilíbrio’, ganhou
menos atenção do que o sombriamente épico teaser de Branca de Neve e o
Caçador.
“Eu acho que está muito óbvio que os
dois filmes são muito diferentes”, diz Sanders, mesmo que as duas
posicionem a Branca de Neve como uma líder de um bando de rebeldes. “Eu
sempre soube que eles seriam diferentes e eu estou contente que eles são
tão diferentes como são. Ninguém quer se envolver em um filme
competitivo. Você quer ser original… Eles claramente não tem nada a ver.
Eu imagino que no geral, isso nos ajudou. As pessoas já ficaram
discutindo o filme.”
Branca de Neve e o Caçador sai no meio
de um verão muito cheio, em um sanduiche entre The Avengers e Prometheus
de Ridley Scott (também estrelando Theron), e Homem Aranha e Batman. Se
destacar nesse grupo vai render algo muito especial. E nenhum estúdio
está investindo umas duas centenas de milhões de dólares em um filme que
se espera ser algo sem importância… Ainda que a resposta para se essa é
uma franquia em potencial seja ignorada por todo mundo que a Empire
pergunta. O que a Branca de Neve e o Caçador está confiando é que todo
mundo acima da idade dos 12 anos, e ainda mais crucial, homens, tentem a
idéia de que Branca de Neve significa mais do que animais amigos e
finais românticos.
“Eu entendo isso”, diz Sanders. “Isso
não é uma sequência. É um spin-off de um personagem de desenho e tem um
título que as pessoas conhecem, mas eu acho que se você assistir o
trailer, nós temos um filme muito diferente. Eu não acho que seja como
nenhum outro mundo que eu já tenha visto. E há algo nessas histórias que
é universal; que falam com todas as idades. Há uma razão de ainda ser
contada séculos mais tarde”. E qualquer conto de fadas tem que ter
finais felizes. Certo?
Escrito por Olly Richards – Empire Magazine
Branca de Neve e o Caçador estréia em 1 de Junho e vai receber uma crítica em uma edição futura.
Fonte
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