Este é o primeiro filme onde Robert Pattinson aparece tratado como um astro de sua popularidade deveria: o cabelo da cor certa, a maquiagem adequada, uma fotografia deslumbrante, os ângulos para o favorecerem. Infelizmente é gastar vela no santo errado. O projeto é ruim, muito antiquado, faz lembrar uma história que os estúdios faziam nos anos 30 com Clark Gable e Jean Harlow. Imperdoavelmente ingênuo, bobinho, mal amarrado e inconvincente. E nem o roteiro é capaz de criar um personagem bem armado, heróico para o Pattinson, que apanha o tempo todo, leva surras homéricas e não tem a menor química com a estrela Reese.
Se bem que ela é um caso a parte, já que se supõe que para fazer uma estrela de circo teríamos de ter uma mulher alta, de belas formas, belo corpo, presença forte e marcante. Não uma baixinha seca, de pernas magras e que já perdeu o brilho da juventude. Este é o primeiro filme onde podem ser vistos os efeitos da idade e das dietas, que tiraram o frescor da estrela. É o papel errado que ela faz com timidez e parece mesmo uma certa vergonha como se percebesse que não é Charlize Theron ou mesmo Nicole Kidman, mais adequadas ao projeto.
Também Reese padece de um roteiro mais bem desenvolvido, que justificasse melhor aquele amor anunciado e previsível, mas nem por isso menos ilógico. Eu até gosto da qualidade da fotografia e o colorido bonito que emoldura os anos trinta (porém, convenhamos, não adequada para o período mais negro da depressão econômica americana).
O filme começa bonito, com a presença do veterano Hal Holbrook (sempre excelente), que faz Pattinson mais velho. Eles se chamam Jacob e são de origem polonesa. O rapaz tem a falta de sorte de perder os pais num acidente de carro justamente no dia em que está fazendo a prova final do exame para sair veterinário. Perde tudo (porque os pais fizeram empréstimo para pagar a escola) e tem que sair pela estrada tentando a sorte. Vai parar num circo em dificuldades, dirigido por um maníaco assassino (Waltz, de Bastardos Inglorios, voltando a forma depois da derrapada com o Besouro Verde). Só que este é apaixonado por sua estrela e mulher (Reese), que faz os números com os bichos. Jacob vem como veterinário e daí o óbvio não demora a acontecer, embora a cena de amor seja tão escura e não se vê nada direito.
Como o amor não convence, o filme vai capengando, e não parece ser o veículo certo para o diretor Francis Lawrence (melhor antes em Eu sou a Lenda). Se Reese está perdendo o tipo e o estrelato (ela erra ainda mais grave com outro filme esta semana, o horrível Como Você Sabe) ainda não é desta vez que Pattinson emplaca. Ele tem um olhar esquisito de míope, que não consegue passar emoção ou tensão, ou coisa alguma. Desculpe, tive muita boa vontade, mas depois desta não dá mais para torcer por ele.
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