Os estúdios parecem desesperados em tentar encontrar o novo “Twilight” (Crepúsculo), e essa é a primeira ilação que devemos retirar de um par de estreias recentes.
De um lado tentou-se criar com “I am Number Four” (Sou o Número Quatro) a mesma energia adolescente catalisada por primeiros amores, tendo como fundo uma acção muito sobrenatural e aliens a viverem entre nós e combatendo entre si. O resultado foi desastroso, e dificilmente o filme terá uma sequela, apesar de haver bastantes livros (onde se inspirou) para isso.
Já “Red Riding Hood” tinha o dom de juntar ainda mais elementos que podiam triunfar. Por um lado aposta na mesma química de "Twilight", onde um triângulo amoroso volta a ter a atenção de Catherine Hardwicke. Para além disso, o filme acompanha, ou inicia mesmo, a nova tendência de Hollywood, que é adaptar contos clássicos em versões diferentes do habitual. As novas produções de Branca de Neve, Hansel e Gretel e Peter Pan são um bom exemplo que os estúdios seguem padrões.
Com estes dois elementos tão na moda, e uma cineasta que até já triunfou num deles, afinal foi ela que iniciou o caminho de Crepúsculo nas salas, seria de esperar que este “Red Riding Hood” (A Rapariga do Capuz Vermelho) tivesse sucesso. Mas não tem. O filme tem sido um fracasso na critica, mas pior que isso, e no que toca aos estúdios, este trabalho não se revelou capacitado de exorcizar o fantasma do filme que vai suceder à galinha dos ovos de ouro que são o trio Edward Cullen Vs Bella Swan Vs Jacob.
Há uma série de problemas nesta adaptação contemporânea, e nem sequer vale a pena bater na tecla de o filme se passar numa era medieval, ainda que os jeitos e palavras dos actores sejam demasiado modernos. O grande problema de “Red Riding Hood” não é esse, mas o facto de ao reimaginar um conceito ser tão pouco arrojado e seguir apenas os caminhos do óbvio e do cliché, sendo particularmente frustrante quando aos 30 minutos de filme, e se tiverem com atenção, já saberem quem é o tal lobisomem que assola a aldeia. Parece que mais que um filme, estamos perante uma fórmula, onde os ingredientes falham em toda a linha.
Fracassado na tensão e no mistério, onde a prestação dos actores não facilita, resta analisar o filme como mais um meloso romance com dúvidas entre uma mulher e dois homens, onde não faltam as pressões familiares, pois afinal de contas ela já estava prometida a um deles. Aqui também não há nada de novo, notando-se algumas falhas no casting, especialmente do lado masculino, e o cliché comportamental dos pretendentes.
Pelo meio da história ainda aparece Gary Oldman, a única lufada de ar fresco no filme e que não precisou de usar metade das suas capacidades dramáticas para ultrapassar a mediocridade das interpretações gerais. Deste descalabro salva-se também (parcialmente) Amanda Seyfried, que apesar de estar longe de outros trabalhos, cumpre os mínimos não sendo chocante a sua prestação.
Uma nota de rodapé para aquilo que mais me agradou. A fotografia. Aqui sim o filme tem a sua mais valia, ainda que a posterior montagem não se revele tão competente como o deveria ser. Mas se há culpados nisto tudo, e eles são o argumentista e a realizadora, continuando Hardwicke a defraudar as expectativas que tinha lançado com "Thirteen" e continuado com "Lords of Dogtown".
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